segunda-feira, 24 de maio de 2010

E há tempestades que não conseguimos prever

Não sei se vocês lembram quando eu falei do anime NHK no yokoso (procurei no google, julho de 2007)... era sobre um rapaz que não saía de casa de modo algum, vivia jogando no computador e desistiu da faculdade. No Japão eles chamam essas pessoas extremamente antissociais de hikikomori. Pois bem, ontem à noite, quando eu saí para jantar, reparei que é isso mesmo o que eu me tornei. Eu queria jantar alguma coisa gostosa para compensar a tristeza do dia, e pensei em comer batata frita da lanchonete do palhaço, que é a coisa mais próxima de casa com esse prato. Chegando lá, vi que estava cheio de gente, e então decidi fazer compras na loja de conveniência. E, do nada, lembrei que uma das características dos hikikomori é só sair de casa para fazer compras em lojas de conveniência porque elas estão abertas quando não tem ninguém na rua. Claro que a minha desculpa é não querer encontrar pessoas conhecidas, e não sair para comprar comida de madrugada. No anime o rapaz só sai do seu estado letárgico porque uma mocinha apaixonada por ele tenta ajudar. Porque essa tem que ser a solução pra tudo nos animes/seriados/filmes? Ainda bem que há outras alternativas, como... remédios psiquiátricos.
Sobre a virada cultural: sabe se lá como saí daqui na hora do almoço e só encontrei a Luty perto da hora da janta. Primeira parada: Jair Oliveira. O ingresso era um kg de alimento não perecível e só nos lembramos disso... quando estávamos num shopping. Sem mercados por perto. Após andar muito e tirar foto da vitrine da H. stern achamos uma mercearia. O kg do arroz era doze reais. Um pocket show não vale doze reais. Mas compramos mesmo assim. Pra vocês verem como o tempo andou contra nós, o show começava 19h30 e teve no máximo uma hora. Jantamos e pegamos condução até a próxima parada: estação da luz, sinfônica tocando os carmina burana, que começava às 22h. E a que horas chegamos? 22h40! Pelo menos ainda deu para ouvir alguns minutos, mesmo que algumas pessoas muito mal-educadas quisessem ficar conversando. O pior foi uma dupla comentando como o show estava lotado, que era uma surpresa, que coisa o povo se interessando por cultura né, que bonito, vamos continuar enaltecendo a importância de um evento assim por meio de uma conversa pedante que vai irritar todos por perto que, por sua vez, vão nos odiar eternamente por atrapalhar o concerto. Enfim, saímos de lá sem saber o que fazer, procurando em vão por algum folheto informativo. Diálogo real: 'L- pra onde você quer ir? eu- ao cinema com musicais! Sabe onde fica? L - Não, mas a gente pode... procurar pelo centro, onde vai estar um inferno. eu- Er... então vamos para o cinema com degustação que você queria ir.l L- Mas você não queria ver musicais? eu- Sim, mas se não sabemos chegar... L - Mas o que você quer fazer? eu- Vamos logo pra avenida da cidade'. Chegamos lá bem em cima da hora(meianoite), e o cinema já estava lotado. Andamos três estações de metrô na avenida até o café do chico, onde comemos de novo e pensamos no próximo passo. Já era 1h30 e o show do Café Tango(um dos 937 grupos em que o Violinista toca) era às 3h várias estações de metrô depois, então decidimos chegar muito antes, só para garantir. Em um dos momentos mais hilariantes da noite, assim que saímos da estação não sabíamos onde exatamente era o lugar. Andamos algumas quadras e nada, só pessoas aleatórias pelas ruas. Por sorte(?) achamos um ponto de táxi, e pegamos um táxi para... atravessar a avenida. Sim caros leitores, era do outro lado da rua e não vimos. O motorista deu umas voltinhas só para dar dez reais e nos deixou lá, e eu lembrei imediatamente que era perto da ex-casa dos meus avós e futura casa do meu primo. Assim que chegamos, ouvimos uma moça perguntar sobre a programação, e o rapaz da entrada não tinha certeza se estava certo. Isso, acaba mesmo com o nosso planejamento! Fiquei lendo enquanto a Luty dormia e justo quando você precisa que o tempo passe rápido parece que você passou anos da sua vida sentada esperando. Enfim, a Luty continuou dormindo por todo o show, seguindo o exemplo do rapaz atrás de nós, e eu quase achei que era a única pessoa lá que não sabia dançar tango. Queríamos ainda ver Double You, mas começava às 5h, e saímos de lá 5h, e eu comecei a sentir dó da minha irmã, que estava com sono desde às 20h00. Fomos para a casa dela, dormimos até ser hora do almoço e depois de almoçar: show do abba cover!!!! Chegamos lá uns vinte minutos antes do horário programado e já estava bem lotado. Conseguimos chegar mais ou menos perto, atrás de pessoas que falavam inglês e na frente de um cara que dizia que a Agneta era a mulher dos sonhos da infância dele e do lado de um cara que fazia muitas, muitas perguntas chatas. O show foi lindo, me acabei de cantar e tentar dançar num espaço tão apertado, e por ter sido numa área considerada muito perigosa da cidade, foi bem tranquilo. Cheguei aqui com os pés doendo loucamente, mas até que num humor bom.
E daí parece que tudo quer te convencer, ou melhor, me convencer que nada dá certo. Primeiro foi o episódio de house, em que ele surta com o psiquiatra falando que ele não tinha as respostas e que o house fez tudo que ele mandou e ainda não era feliz. Ok, não vamos surtar por antecipação pensando que vai dar errado em um ano, vamos acreditar no tratamento. E aí vem a Rachelvis dizer que já tomou esse remédio enquanto tomava outro que também mexia com a cabeça e eu Q/ 1) não deu certo com ela, porque daria comigo? 2) não quero ficar igual a ela, porfavorporfavorporfavor! Depois eu estava na unipunk conversando com o Violinista, e ele estava comentando como um amigo dele que tomava remédios de cabeça estava achando tudo lindo, e se perguntando como as pessoas podiam ser infelizes. Até aí, tudo bem, nada de negativo. E vem um cara, do nada, se intrometer na conversa, falando que um cara desses devia ser trancado num quarto escuro e apanhar pra ver se aprendia. A gente ficou meio chocado, com entreolhares típicos de filme e o cara não parava de falar como esses remédios funcionavam só por um tempo e que uma funcionária da biblioteca czar leites tentou se matar lá dentro enforcada, foi impedida por outros funcionários, levada ao hospital, e no mesmo dia se matou no campus numa árvore adequada a sua estatura. Sério. Com essas palavras. E encerro o post de hoje com essa pérola da indiscrição e falta de noção alheia, volto aqui antes do fim do mês(espero).

4 comentários:

Kami Sal disse...

Nossa que arroz caro!!!
Acho que em animes/seriados/filmes eles não querem incentivar o uso de psicotropicos, mas acho que são mais eficientes (desde que aliados com terapia) do que o amor. Depois de 30 anos o cara que te tirou da deprê vai te deixar ainda pior enquanto cria uma enorme barriga e serve de peso de para o sofá não sair voando com o vento...
Pessoas que aparecem do nada pra se intrometer na conversa alheia são sempre trágicas e assustadoras.

Luciana Omia disse...

:/ assisti esse anime também...
o que eu acho engraçado é que eu tento ser sociável, e dificilmente consigo, e você é super sociável, mas não quer tentar...
sim, eu tava morrendo de sono pq trabalhei o dia todo ne :P

Josei disse...

Curtiu mesmo a Virada, hein? Aqui, eu olhei a programação e pensei "nah... Vou ficar em casa fazendo as unhas, mesmo..."

Phanie disse...

Quer ouvir comentários de doidos? Tente andar pela USP, hehehehe!
Eu também fui ver uma das orquestras na Luz e o povo só conversou a apresentação INTEIRA! Não entendo... Se é de graça, vai embora e conversa num lugar mais quieto! :P
Mô, não fique esperando que um tratamento vá dar errado... O da Tati, por exemplo, tem dado super certo. Aliás, ela vem ficar comigo em Sampa por 3 semanas (meus pais vão viajar).
Ah, e eu vi alguns episódios de Drop Dead Diva no Sony! Muito legal!
Bjão com saudades!