quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não importa o quão pequeno, o primeiro passo é o mais importante de todos

Após chorar copiosamente na quinta, acordei na sexta até que não muito nervosa, e cheguei na minha qualificação antes de todos os professores. Fiquei treinando a programação neurolinguística que a Luty falou, mas não se funciona muito se a pessoa não acredita nisso já.

Foram duas horas durante as quais não chorei, embora meu trabalho estivesse sendo arrasado. Merecidamente, é claro. Anotei tudo e no fim os professores ficaram fofocando e eu saí sozinha da sala. Respirei aliviada por não ter chorado, mas pensando já no que teria que mudar. Nenhum dos professores entende do autor que eu traduzi, então eles ficaram sugerindo coisas como 'estudos críticos' e 'outros artigos', como se eu não tivesse procurado por isso loucamente. Concordei e disse que ia procurar mais. Um dos professores cortou toda a parte teórica porque estava fraca e não ia dar tempo de melhorar.
Corta para hoje, dia de conversar com o desorientador. Tudo que ele não me cobrou em três anos ele decidiu cobrar hoje. Foi a conversa mais horrível que já tive na vida. Acho que o pior sentimento deve ser a culpa, porque eu fiquei arrasada. Antes da qualificação eu disse pra psicóloga que eu tinha medo dos professores perguntarem o que eu fiz todo esse tempo de mestrado porque o trabalho estava muito ruim. Ela disse que isso era um medo meu, não deles.E não é que o ómi me pergunta isso? Ele também criticou o relatório final que passou pelas mãos dele e ele não mandou refazer, disse que eu deveria ter trancado o mestrado mesmo sem saber o que fazer da vida(sendo que eu falei que não ia trancar porque sabia que não ia voltar mais, mesmo sem saber o que fazer da vida), falou de novo que como era possível que eu tivesse formado em filosofia escrevendo tão mal, disse que não ter trancado foi uma irresponsabilidade e aí ele disse que era difícil dialogar comigo porque eu era muito quieta, que até na qualificação os professores perceberam isso, aí parece que não estou dando a devida atenção. E além disso eu esqueci de numerar as páginas, e isso parece displicência com o trabalho. Chorei tudo que não tinha chorado na sexta, e não consegui me explicar. Quer dizer, me desculpar. Fui tentar falar que lamentava ter procurado ajuda tão tarde, porque eu tinha medo dele, mas aí ele veio com um 'todo mundo tem problemas' e que não era para eu ter autocomplacência. Nem consegui dizer que não era minha vida pessoal que atrapalhava o mestrado e sim não ir bem no mestrado que me deixou depressiva. Mas enfim, não há desculpa que salve, agi mal e tenho que enfrentar as consequências, não chorar como uma menininha. Quando eu conseguir me controlar, é claro.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Selva de concreto onde os sonhos são feitos

Daí que ontem à noite eu não tinha muita certeza se tinha tomado remédio ou não, então tomei e estou passando meio mal até agora. Acho que eu já tinha tomado os remédios sim.

Sonhei essa noite primeiro com a minha família toda, estávamos na rua ou algo assim e uma sorveteria estava muito lotada, e eu demorei quinze minutos só para ver o tamanho da fila. Daí corta pra casa, onde descubro que uma prima minha vai pra França no dia seguinte e não pode ficar para jantar. Pula para uma sala de aula do meu colegial. Duas meninas com quem estudei no primário vão ao banheiro, mas estão segurando um cachorro-quente. Elas cogitam entrar com a comida, mas acabam deixando do lado de fora. Eu como um pedaço e guardo o resto na geladeira da casa dos meus pais, e minha mãe perguntou de quem era aquela comida e eu menti. Quando eu cheguei de novo na sala de aula, as meninas perguntaram se era eu que tinha comido e eu disse que sim, porque achei que não era de ninguém. Daí elas me responderam com o absurdo 'se seu namorado vier aqui e não tiver etiqueta dizendo de quem é a gente vai poder comer ele também?' ao que eu respondi 'mas meu namorado pode falar que é meu, os sanduíches não' e elas riram, perguntando se eu tinha certeza. Também sonhei que estava atrasada para a prova do mestrado e que faltavam apenas dez minutos e eu não conseguia ligar para um táxi,mas isso é mais fácil de analisar.
Quinta passada o 6 ligou perguntando se eu queria ver o lançamento de uma revista multiartes lá na Lake House. Chegando lá os alunos ainda estavam arrumando as coisas e tinha um cara com um cofrinho GIGANTE arrumando os fios e na verdade a revista é meio antiarte. A primeira banda, cujo nome eu nem entendi, soava como legião urbana e a letra era ainda pior, meldels, e o cara uma hora gritou e eu achei que ele tava sendo desafinado de propósito, mas nem. Depois teve uma declamação que eu perdi porque estava do lado de fora, já que a música estava MUITO alta. Aí a dança. Vocês sabem que eu não sou chegada em dança contemporânea, essa em que as pessoas se jogam no chão ao som de músicas estranhas e se movem de um jeito mais estranho ainda. A primeira parte tinha um conceito até interessante, duas caixas de som em lados opostos da sala e as pessoas dançavam de acordo com a proximidade do som. Mas durou pouco. Logo todos tiraram a roupa, colocaram uns pedaços de pano e ficaram dando voltas pela sala, alguns fazendo movimentos cotidianos, outros só andando de um lado pro outro e talvez tivesse algum sentido, mas tudo estava meio sem direção. Finalmente todos colocaram as roupas de volta e saíram da sala. A última banda era boa, apesar de tocar apenas músicas de uma banda que pareciam todas iguais.
Ah, no fim de semana assisti Arsène Lupin, filme baseado numa série de livros francesa do início do século passado. Tem até um mangá sobre ele, e um filme dirigido pelo Miyazaki(O castelo de Cagliostro). A wikipédia diz que o personagem é tipo uma Carmen Sandiego mix com Robin Hood antagonista do Sherlock Holmes, ele rouba dos ricos, avisa dos roubos e nunca é pego. O filme mostra a história da vida dele e inclui um drama sobre o filho dele e uma feiticeira. O personagem é realmente engenhoso e bonitão e a Eva Green parece mais velha nesse filme.
Como vocês sabem, amanhã é o dia da qualificação do meu mestrado. Terça encontrei a Jayna e o Herr Rennó para treinar e só nisso já fiquei emocionamente abalada e eles perceberam, o que é ainda pior. A Luty sugeriu programação neurológica e o tio Dos Santos sugeriu beta bloqueadores, mas ninguém quis ficar me xingando para eu me acostumar com as críticas. Eu já disse isso no blog, mas vamos repetir agora que a guilhotina está próxima: sempre tudo foi fácil pra mim. Nunca precisei estudar muuuito para ir bem nas matérias, nunca achei que não fosse passar em alguma coisa. Aí vem a pós graduação e eu descubro que não sou boa nisso naturalmente, que preciso me esforçar. Mas eu não me esforço, me sinto culpada e vem a depressão, &c. Eu poderia ter escolhido parar e não me esforçar, mas eu quero terminar. Não sei o que vou fazer depois disso e nessas horas me alegro de não ter nascido numa família pobre, o que eu sei é que quero terminar o mestrado, mesmo que ele não saia lindo e maravilhoso como tudo que tenho feito até agora. Não vou desistir. E também não quero chorar na frente de todos como a criança que não consegue admitir críticas que sou. Vou aceitar todas as críticas e não me lamentar por não ter pensado naquilo antes. Vou melhorar o meu trabalho com a ajuda de outros, e isso não quer dizer que eu não tenha meu próprio mérito. Meu orientador não é meu pai, se meu trabalho está ruim ele não me odeia como pessoa. Eu demorei para buscar ajuda, mas eu busquei e consegui sair da letargia. Todo dia é um desafio sair de casa, decidir abrir o livro e estudar, comer coisas saudáveis. E eu posso não conseguir sempre, mas eu sei que tenho força para escolher o que é certo. Eu tenho pessoas que gostam de mim e em quem eu posso confiar. Eu vou morrer sozinha, mas isso não me impede de viver ajudando e sendo ajudada por outros. Eu não vou chorar amanhã, e não importa quantas críticas meu trabalho receba e eu tenha que refazer tudo, essa será minha vitória.
OPA tipos que acabei de saber que preciso solicitar online a qualificação e faltam menos de 24h e eu não fiz isso? Claaaaro que não posso culpar meu orientador por isso, só a mim mesma, apesar de eu não fazer a mínima ideia de que era preciso isso. Pronto, agora estou desesperada e desequilibrada de novo. Desejem me sorte para amanhã.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Há um homem solitário dizendo que seus amigos morreram

Incrivelmente nada aconteceu de muito terrível semana passada, o que me leva a pensar que algo muito terrível acontecerá nessa semana, justo a da qualificação.

Acordei cedo para estudar, mas mesmo após o café da manhã estou sonolenta. Ao invés de voltar para a cama, serei uma boa moça e vou postar sobre os filmes que eu vi.
Assisti ao último mestre do ar sem ter visto o desenho, e acho que foi melhor, porque muitas pessoas não gostaram da adaptação. Não que eu tenha gostado do filme, que é aquela coisa previsível e no meio dos esquimós sabe se lá porque tem gente loira de olho claro, mas eu adoro sobretudo reclamar de adaptações. Sei lá, só vá ver se você... quiser ver.
Solomon Kane é baseado em uma série de quadrinhos dos anos 30, e tem uma Europa Renascentista ainda com muita cara de Idade Média. Kane era um pirata muito foda, até que um dia o demônio vem buscar sua alma, e ele se converte. Até que um dia ele é expulso do templo lá onde ele vive e descobre que sua missão é matar os demônios que rondam o lugar. Tem também um drama por ele ter saído de casa e o pai ter feito um pacto com o demo para salvar o outro filho e uma mocinha bonita que ele salva mas não fica junto, porque é pra ter continuação. Até que foi divertidinho e o cara era bonitão.
Meu Malvado Favorito mostra que ser vilão está na moda. Mas não um vilão cruel, um meio bobo e com um grande coração. Gru quer roubar a lua, e seu plano malévolo inclui usar crianças para entrar na casa do inimigo que possui a arma encolhedora. Obviamente ele se apega às crianças, &c e tal. Interessante é mostrar a mãe dele sendo uma vaca, o que sugere que mães que nunca valorizam seu filho fazem com que eles se tornem pessoas do mal. Apesar de eu ter visto dublado e odiar crianças, até que gostei.
Por último, Topografia de um desnudo. É um filme brasileiro sobre um tema interessante, a matança de mendigos pela polícia a mando do governo no rio de janeiro nos anos 60. O mais interessante é que com a ditadura os casos foram arquivados e ninguém foi punido. Para uma suposta visita da rainha Elizabeth e construção de um edifício, os moradores de um lixão vão sendo assassinados. Até que um dia, uma jornalista de coluna social se envolve com a história e... bem, sem final feliz, já que foi baseado em fatos reais. O enredo tinha tudo para dar num bom filme, mas a diretora deve ser inexperiente e eles não deviam ter muito dinheiro pra produzir. Apesar de muitos atores da globo/famosos o filme, que é adaptado de uma peça, parece uma peça filmada. Acho que a diretora devia ter cortado umas partes meio surreais e não repetir quinze vezes o diálogo inicial. De qualquer modo, vejam se estiver passando aí na sua cidade, prestigiem o cinema nacional e a história do país &c.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Assim devera eu ser se não fora não querer

Bem, e não é que com a qualificalçao por perto eu tenho ainda menos vontade de estudar? Pelo menos isso garante a vocês, leitores do blog, mais um post divertidíssimo &c.

No último fim de semana de agosto eu, Jayna, Herr Renno e Siciliana organizamos o chá de bebê da filha da Mlle Daidalia. Já que ela se chama Daidalia, sua filha será chamada no blog de Ícara. Eu fiz os convites e ímãs da lembrancinha, além do cardápio e uma torta salgada. A tia do Herr Renno fez a decoração fofíssima de laços e cegonhas de graça, e garantiu a decoração das próximas 18 festas. Foi só a gente e a família da Daidalia, e, como pessoas gordinhas organizando é claro que sobrou MUITA comida. Tinha tortas e patês e pães e de sobremesa salada de frutas, bolo, cupcakes, brigadeiro, torta de limão... muitas horas de riso e divertimento, embora os tratantes tenham se negado a fazer brincadeiras de chá de bebê.
No fim de semana seguinte, encontro com o pessoal da net na cidade cinzenta. Fui com minha irmã, a Melissa e uma aleatória com síndrome de Rachelvis para pontos turísticos, como a rua do dia da Anunciação e o mercado municipal com o famoso sanduíche de mortadela que nem é tão grande assim, só muito gordo. À noite encontramos mais gentes num karaokê box, embora tenhamos ficado muito pouco tempo e eu nem tenha perdido a voz. No dia seguinte, o restaurante com jogos de novo *___* jogamos um pouco de tabu, jenga de novo, claro, pula pirata e muitos outros. De lá fomos em uma agitada viagem de carro com o Picapau até a casa da Einstein, e seus colegas de casa cheirando a cannabis. Abrimos a janela e cantamos num jogo de xbox muito legalzinho. Mas por pouco tempo, eu e Luty ainda tínhamos que ir pra cidade sanduíche então fomos embora com o por do sol.
Ah, sobre a sorte. Parece que enviei um texto mal-impresso para um dos professores da banca, o Homem Aranha. Claro que na hora já imaginei que ele ia me xingar e mandei um e-mail pedindo desculpas, mas ele disse que não tinha problema e até culpou o Bill Gates. Daí que nem lembrei de dar o texto pro meu orientador também, e corri para mandar uma cópia (bem impressa) para ele. Na volta pra casa comprei meu almoço e ainda deu tempo de pegar o carinha do sedex com a minha encomenda. Certamente algo muito trágico e murphyado acontecerá ainda essa semana.

domingo, 12 de setembro de 2010

Lá na rua tem violência e nenhum lugar pra pendurar as roupas

Olá pra você cuja vizinha tem a cara de pau de deixar o despertador ligado de domingo às 6 da manhã e ainda apertando 'soneca' até às 8h.

Li um bocado de coisas(ou não) nos últimos tempos.
Finalmente terminei Moby Dick, justamente quando tava gostando mais dele. Engana-se quem pensa que o livro é sobre caçar baleias, que nada, é um monte de filosofia disfarçada de aventura. Que é o que deixou o livro mais interessante, é claro. Além disso tem uma sutil homossexualidade, embora o tio Dos Santos diga que é coisa da minha cabeça pervertida.
Também li Orlando, belíssimo livro da Virginia Woolf. É supostamente uma biografia de uma moça do século XVII que se vestia de homem, mas também uma homenagem a uma amante da autora. Aliás, o filho dessa amante parece que gostou bastante. Enfim, é sobre um homem que do nada se torna mulher e vive por 3 séculos, mas tudo isso é tratado como se fosse comum. O que é bom mesmo são as digressões da autora, claro. Uma parte que eu gostei bastante é que ela fala que a Orlando era boa com os criados, amava os animais e as plantas, tinha amigos, mas para a sociedade o único amor que a mulher pode ter é o de abrir as pernas, então ela teve que arranjar um marido.
E para encerrar, li Garota Interrompida, sim, o que baseou o filme que eu não vi. É realmente um livro interessante sobre uma moça contando como é ser considerada louca e a vida dentro de uma instituição. Parece que antigamente(nos anos 60) ser promíscua era um sintoma de problemas mentais. Espero que em alguns anos não gostar de sair também seja descartado. Ah, sim, o título do livro refere-se a um quadro do Vermeer, garota interrompida na aula de música, com o qual a autora faz uma belíssima comparação com sua própria vida interrompida.
De qualquer modo, estou com sono e volto ainda essa semana para falar de eventos & filmes &c.