quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Selva de concreto onde os sonhos são feitos

Daí que ontem à noite eu não tinha muita certeza se tinha tomado remédio ou não, então tomei e estou passando meio mal até agora. Acho que eu já tinha tomado os remédios sim.

Sonhei essa noite primeiro com a minha família toda, estávamos na rua ou algo assim e uma sorveteria estava muito lotada, e eu demorei quinze minutos só para ver o tamanho da fila. Daí corta pra casa, onde descubro que uma prima minha vai pra França no dia seguinte e não pode ficar para jantar. Pula para uma sala de aula do meu colegial. Duas meninas com quem estudei no primário vão ao banheiro, mas estão segurando um cachorro-quente. Elas cogitam entrar com a comida, mas acabam deixando do lado de fora. Eu como um pedaço e guardo o resto na geladeira da casa dos meus pais, e minha mãe perguntou de quem era aquela comida e eu menti. Quando eu cheguei de novo na sala de aula, as meninas perguntaram se era eu que tinha comido e eu disse que sim, porque achei que não era de ninguém. Daí elas me responderam com o absurdo 'se seu namorado vier aqui e não tiver etiqueta dizendo de quem é a gente vai poder comer ele também?' ao que eu respondi 'mas meu namorado pode falar que é meu, os sanduíches não' e elas riram, perguntando se eu tinha certeza. Também sonhei que estava atrasada para a prova do mestrado e que faltavam apenas dez minutos e eu não conseguia ligar para um táxi,mas isso é mais fácil de analisar.
Quinta passada o 6 ligou perguntando se eu queria ver o lançamento de uma revista multiartes lá na Lake House. Chegando lá os alunos ainda estavam arrumando as coisas e tinha um cara com um cofrinho GIGANTE arrumando os fios e na verdade a revista é meio antiarte. A primeira banda, cujo nome eu nem entendi, soava como legião urbana e a letra era ainda pior, meldels, e o cara uma hora gritou e eu achei que ele tava sendo desafinado de propósito, mas nem. Depois teve uma declamação que eu perdi porque estava do lado de fora, já que a música estava MUITO alta. Aí a dança. Vocês sabem que eu não sou chegada em dança contemporânea, essa em que as pessoas se jogam no chão ao som de músicas estranhas e se movem de um jeito mais estranho ainda. A primeira parte tinha um conceito até interessante, duas caixas de som em lados opostos da sala e as pessoas dançavam de acordo com a proximidade do som. Mas durou pouco. Logo todos tiraram a roupa, colocaram uns pedaços de pano e ficaram dando voltas pela sala, alguns fazendo movimentos cotidianos, outros só andando de um lado pro outro e talvez tivesse algum sentido, mas tudo estava meio sem direção. Finalmente todos colocaram as roupas de volta e saíram da sala. A última banda era boa, apesar de tocar apenas músicas de uma banda que pareciam todas iguais.
Ah, no fim de semana assisti Arsène Lupin, filme baseado numa série de livros francesa do início do século passado. Tem até um mangá sobre ele, e um filme dirigido pelo Miyazaki(O castelo de Cagliostro). A wikipédia diz que o personagem é tipo uma Carmen Sandiego mix com Robin Hood antagonista do Sherlock Holmes, ele rouba dos ricos, avisa dos roubos e nunca é pego. O filme mostra a história da vida dele e inclui um drama sobre o filho dele e uma feiticeira. O personagem é realmente engenhoso e bonitão e a Eva Green parece mais velha nesse filme.
Como vocês sabem, amanhã é o dia da qualificação do meu mestrado. Terça encontrei a Jayna e o Herr Rennó para treinar e só nisso já fiquei emocionamente abalada e eles perceberam, o que é ainda pior. A Luty sugeriu programação neurológica e o tio Dos Santos sugeriu beta bloqueadores, mas ninguém quis ficar me xingando para eu me acostumar com as críticas. Eu já disse isso no blog, mas vamos repetir agora que a guilhotina está próxima: sempre tudo foi fácil pra mim. Nunca precisei estudar muuuito para ir bem nas matérias, nunca achei que não fosse passar em alguma coisa. Aí vem a pós graduação e eu descubro que não sou boa nisso naturalmente, que preciso me esforçar. Mas eu não me esforço, me sinto culpada e vem a depressão, &c. Eu poderia ter escolhido parar e não me esforçar, mas eu quero terminar. Não sei o que vou fazer depois disso e nessas horas me alegro de não ter nascido numa família pobre, o que eu sei é que quero terminar o mestrado, mesmo que ele não saia lindo e maravilhoso como tudo que tenho feito até agora. Não vou desistir. E também não quero chorar na frente de todos como a criança que não consegue admitir críticas que sou. Vou aceitar todas as críticas e não me lamentar por não ter pensado naquilo antes. Vou melhorar o meu trabalho com a ajuda de outros, e isso não quer dizer que eu não tenha meu próprio mérito. Meu orientador não é meu pai, se meu trabalho está ruim ele não me odeia como pessoa. Eu demorei para buscar ajuda, mas eu busquei e consegui sair da letargia. Todo dia é um desafio sair de casa, decidir abrir o livro e estudar, comer coisas saudáveis. E eu posso não conseguir sempre, mas eu sei que tenho força para escolher o que é certo. Eu tenho pessoas que gostam de mim e em quem eu posso confiar. Eu vou morrer sozinha, mas isso não me impede de viver ajudando e sendo ajudada por outros. Eu não vou chorar amanhã, e não importa quantas críticas meu trabalho receba e eu tenha que refazer tudo, essa será minha vitória.
OPA tipos que acabei de saber que preciso solicitar online a qualificação e faltam menos de 24h e eu não fiz isso? Claaaaro que não posso culpar meu orientador por isso, só a mim mesma, apesar de eu não fazer a mínima ideia de que era preciso isso. Pronto, agora estou desesperada e desequilibrada de novo. Desejem me sorte para amanhã.

4 comentários:

Samara disse...

Tô torcendo pra dar tudo certo! Me identifico total. Pós graduação é FODA. No mestrado eu não senti tanto, mas aqui no doutorado, pelamor, é foda, entao sei como vc tá se sentindo :-S. Depois do meu exame oral, só pra vc ter uma idéia, mesmo tendo passado, meu orientador me chamou pra falar com ele, normal, menina eu com os olhos cheios de lagrima, nao conseguia segurar, é muita emoçao. Eu nao tava feliz, era só uma vontade de chorar, acho q pela pressao. ou seja, é foda, mas passa. E vc vai ver!!!! guenta firme!!!

Luciana Omia disse...

Poxa, você quase me enganou :P
mas tem que tentar pensar assim mesmo colega
todos nascemos e morremos sozinhos uai, e já que nenhuma de nós acredita que existe alguma coisa depois dessa vida, temos que aproveitar o máximo possível...
é só a qualificaçao, não é questão de vida ou morte...
e é programação neurolinguistíca!

Josei disse...

Que sonho mais louco... Psicanalistas fariam a festa com isto.
Levar as críticas para o lado pessoal é tão canceriano. Eu sou assim no meu trabalho. Se eu faço alguma coisa errada, eu acho que meu chefe vai me odiar como pessoa.
Ah, e como foi a qualificação?

brauliostafora disse...

Bom, quanto a morrer sozinho, sempre há a crível expectativa de envolver-se num deastre qualquer e chegar em excursão ao Walhala (se bem que, como não somos guerreiros nórdicos seríamos de lá expulsos, mas...).
De qualquer forma, espero mesmo que tenha ido tudo bem com seu mestrado.